quinta-feira, 2 de abril de 2015
falo muito. nunca o que quero falar. nunca o que importa. as palavras que quero falar me parecem óbvias e deveriam ser óbvias para todos, além disso, se eu as falasse perderiam sua magia. palavras são mágicas, mas perdem a magia quando pronunciadas. queria que soubessem o que é óbvio em mim sem que eu precise dizer. as palavras se acumulam dentro de mim. não como mágoa. não como um fardo. como uma biblioteca que não sei bem onde se localiza. vou ao médico e ele diz que preciso tirar o útero porque tenho miomas. tenho vontade de gritar, "não são miomas, são palavras". então é no útero. convenço agora o médico a retirar essa carga de palavras antigas, mas deixar o útero para que eu possa novamente enche-lo de palavras.
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